Destaque

Qual a importância do equilíbrio entre a vida profissional e pessoal?

Homem equilibrando o texto "Qual é a importância do equilíbrio entre a vida profissional e pessoal"?

Por Dani Scapin

Se você pudesse mensurar, em termos percentuais, o tempo despendido com sua vida profissional e sua vida pessoal, você consideraria que há equilíbrio? E qual seria o percentual ideal capaz de trazer felicidade, estabilidade, harmonia, solidez e realização?

Essas são perguntas que devemos constantemente fazer a nós mesmos e ter o cuidado de respondê-las, após profunda reflexão, com sinceridade e sensatez.

Procurei fazer essas perguntas sempre e, principalmente, quando minha vida profissional deslanchou. Nesta época havia descoberto a profissão dos meus sonhos. Que sorte, eu pensava! Quantas pessoas, ao contrário de mim, passam uma vida inteira exercendo uma atividade que consideram um fardo.

E a resposta era sempre a mesma, equilíbrio, felicidade e realização. Mas, certo dia, percebi que, ao responder esses questionamentos, muita coisa havia mudado.

Minha vida foi cheia de altos e baixos. Comecei a trabalhar aos 14 anos, como ajudante de professora na escola dos meus pais.

Minha maior felicidade era o dia em que recebia meu “salário”. Meu pai, todo formal, me chamava na sala dele, me dava o feedback de minha atuação, me entregava o recibo para eu assinar e o envelope com o meu dinheiro. E assim fui crescendo, com autonomia e valorizando cada conquista que era fruto de minhas economias, do meu trabalho.
Aos 16 anos, ingressei no ensino superior e, apesar de ter concluído o curso de Direito, descobri que minha vocação era outra. Minha mãe, educadora nata e que sempre inspirou meus passos, repetiu inúmeras vezes, que eu era feliz trabalhando com educação e não sabia. E, como sempre, ela estava com a razão.

Foi então, que após conhecer meu marido, decidimos iniciar um projeto educacional, que desse orgulho não só a nós mesmos, mas à toda comunidade onde estávamos inseridos. E este projeto foi crescendo e se tornou o maior projeto educacional do Estado. É, sem dúvida, a Faculdade SEAMA, como era chamada, era a grande missão de minha vida.

Tanta dedicação começava a colher frutos: A Seama foi eleita por mais de dez anos consecutivos a melhor faculdade do Amapá e recebeu prêmios, inclusive em nível nacional.

Durante esses 12 anos em que estivemos à frente da Instituição, tivemos dois lindos filhos e a dedicação de passar mais de 10 horas no trabalho, que antes era considerado parte de nosso lazer e satisfação, pouco a pouco, começou a pesar.

Após oito anos de atuação, expandimos a Instituição para outro Estado. Foi um dos períodos mais difíceis que passei. Meu caçula, nesta época, tinha apenas 3 meses. Eu viajava uma semana por mês, com o coração apertado, um misto de remorso e profunda saudade. Parei de amamentá-lo antes da época, com muita tristeza, para conseguir cumprir a agenda de viagens.

Mas na vida profissional nós estávamos no auge, a Faculdade crescendo e recebendo todo o reconhecimento da sociedade. Sentia um orgulho gigante de poder fazer parte daquele projeto e estar impactando positivamente a vida de tantas pessoas através da educação.

Em contrapartida, torcia para que, ao chegar em casa, meus filhos ainda estivessem acordados. Muitas vezes isso não acontecia e aquela sensação de vazio me cortava por dentro.

A cada dia, sentia que estava mais perto da profissional que sempre sonhei, porém mais distante da MÃE que, um dia, pensei que seria para os meus filhos.

Com um trabalho diferenciado, a Seama começou a chamar a atenção de grandes grupos educacionais. Um belo dia, ao me fazer as perguntas sobre o equilíbrio que deveria existir em nossas vidas, descobri que eu não era mais feliz.

Foi então que decidimos abrir mão do nosso projeto profissional, pois este não era mais condizente com nosso projeto de vida. Percebemos que estávamos educando os filhos de tantas pessoas, mas não tínhamos tempo para educar os nossos. Isso era injustificável!

Vendemos o negócio, mudamos de cidade e finalmente consegui exercer, com eficiência, meu papel de mãe. Passei dois anos tentando recuperar o tempo perdido, como se isso fosse possível. Percebi que aquela fase da vida dos meus filhos não voltaria jamais. Porém estava certa de que, apesar disso, outras lindas fases estariam por vir e eu poderia finalmente aproveitar minuciosamente cada passo, cada escolha, cada desabrochar.

Esses dois anos foram fundamentais para mim, como mãe, filha, esposa e mulher. Fiz coisas simples e que antes não pude fazer por meus filhos por falta de tempo. Encapar cadernos, levá-los na escola, passear no parque. Pude cuidar melhor da minha saúde, minha alimentação, minha aparência. Adquiri mais qualidade de vida.

Mas, certo dia, ao fazer as mesmas perguntas, senti o desconforto de descobri que o desequilíbrio persistia. Me vi novamente incompleta, me sentindo pouco útil e insatisfeita com minha vida. Notei que eu havia deixado de ter orgulho de mim mesma. Isso me entristeceu.

Decidi correr atrás de novos projetos profissionais, mas sem perder o que havia conquistado: o tempo necessário para cuidar de mim mesma, da minha família, da minha vida pessoal.

Hoje posso dizer que me sinto plena e realizada, pois compreendi que ninguém pode encontrar a verdadeira felicidade sem primeiro descobrir o que é essencial. E se hoje você me perguntar qual o equilíbrio necessário entre a vida profissional e pessoal, eu responderei, sem medo de errar, que é aquele capaz de equacionar seu tempo de maneira eficiente, para você poder usufruir daquilo que simplesmente te faz bem.

1 comments

  1. Conceicao 3 setembro, 2019 at 19:24 Responder

    Sim é é no que acredito é prego precisamos ganhar fora mais não podemos perder dentro. Nosso trabalho não pode ser uma espécie de rival , nossa família precisa ser parceira ser parte do processo .

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados com *